Analistas dizem que o problema de salários na função pública já existia antes das manifestações

 

O Presidente da República, Filipe Nyusi, alertou ontem (04), para o risco de o Governo não ter capacidade de pagar salários aos funcionários públicos, na sequência da fraca colecta de receitas fiscais provocada pelas manifestações que estão a paralisar o país.

Falando com reitores de universidades nacionais, Nyusi disse, a título de exemplo, que a meta de arrecadação de impostos para o mês de Novembro, tinha sido alcançada apenas a 80%.

“Estou preocupado, porque posso não conseguir pagar salários para enfermeiros e professores”, alertou Nyusi, apontando a fraca colecta de impostos e ausência de apoio externo ao orçamento do Estado, como as causas do alarme.

O alarme soa quando a par das manifestações pós-eleitorais, o país regista protestos de professores do ensino secundário, que em plena época de exames finais, exigem o pagamento de subsídios de horas extras de mais de um ano.

Face à situação, o comentador político Augusto Pelembe considerou numa publicação da VOA que a justificação do Chefe do Estado é uma “falácia”, porque antes das manifestações o cenário não era dos melhores.

“Já imaginava que podia ser usado o argumento das manifestações para justificar a incompetência governativa. Se nos recordarmos, já há alguns anos que os salários na função pública vêm sendo pagos de forma faseada por isso, esta situação não é nova, daí que não faz sentido justificar qualquer deslize com um ou dois meses de manifestações”, disse Augusto Pelembe.

Na mesma publicação, o economista Egas Daniel afirma que não se deve subestimar o impacto das manifestações em curso na arrecadação de receitas, mas recorda que “as contas públicas já vinham apertadas desde a implementação da Tabela Salarial Única (…) agora, neste último trimestre, com a redução do nível de actividade económica, o Estado sofre directamente com a arrecadação das receitas”.

“Agora, quanto ao pagamento ou não dos salários da função pública, aí já é uma questão de priorização.”, diz o economista. “Do pouco que se vai conseguir na arrecadação do último trimestre, cabe ao Estado decidir o que é prioritário”.

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