Conheça o outro lado do novo Comandante-Geral da PRM
A decisão, anunciada por meio de um despacho presidencial, pode ser de certa forma, representar uma mudança na liderança da PRM num momento em que essa instituição é vista com maus olhares pela população.
A exoneração de Bernardino Rafael põe fim a uma liderança criticada pela incapacidade de conter a violência política e a criminalidade crescente no país. Joaquim Adriano Sive, que agora assume o comando, terá de enfrentar o desafio de recuperar a credibilidade de uma instituição fragilizada.
Joaquim Adriano Sive tem um percurso marcado por episódios que geraram contestação e levantaram dúvidas sobre a sua capacidade de liderança.
Em 2019, enquanto exercia o cargo de Comandante Provincial da PRM em Nampula, Sive foi suspenso pelo Ministério do Interior, Jaime Basílio, na sequência do incidente que resultou na morte de 10 pessoas no final de uma acção de campanha eleitoral da FRELIMO.
A tragédia ocorreu no Estádio 25 de Junho e levou à criação de uma comissão de inquérito para apurar responsabilidades. A decisão foi anunciada publicamente pelo então Director de Inspecção do Comando-Geral da PRM, Miguel Gueves.
No entanto, após a suspensão de Sive, o caso nunca mais teve esclarecimento público, alimentando críticas sobre a falta de transparência e de responsabilização.
Já em 2024, Sive voltou a estar no centro das atenções ao tentar impedir Venâncio Mondlane, então candidato presidencial, de realizar uma passeata na cidade da Beira.
A polícia escoltou Mondlane até à sede do partido que apoiava a sua candidatura, o PODEMOS, impedindo qualquer tentativa de manifestação.
A medida foi amplamente criticada como uma afronta aos direitos políticos e à liberdade de expressão, num ano marcado por fortes tensões eleitorais.
A nomeação de Joaquim Adriano Sive ocorre num momento de profunda crise na PRM, após anos de denúncias de abusos de poder, repressão violenta e envolvimento de agentes em práticas ilegais.
Durante as manifestações contra os resultados eleitorais, forças policiais foram flagradas a disparar balas reais e a usar gás lacrimogéneo contra manifestantes desarmados, intensificando o clima de desconfiança na instituição.
Com a responsabilidade de liderar uma força policial desacreditada, Joaquim Adriano Sive terá a missão de restaurar a confiança da população e demonstrar que a PRM pode ser uma entidade ao serviço da segurança pública e do Estado de Direito.
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