Controvérsia e acusações de manipulação eleitoral na OJM em Nacala-Porto: “Membros em polvorosa”
As denúncias indicam que o sufrágio para eleger o novo Secretário do Conselho de Zona foi conduzido parcialmente e pouco transparente, minando a credibilidade da estrutura juvenil do partido.
Segundo fontes locais, o processo, que deveria ser um exemplo de democracia interna e participação juvenil, foi protagonizado por uma série de episódios controversos. O principal alvo das críticas é o próprio candidato vencedor, acusado de ter coordenado pessoalmente as etapas essenciais da organização eleitoral — desde a definição da lista de votantes até a nomeação dos membros do Conselho de Zona que o elegeriam.
Vários primeiros secretários e membros da base afirmam que o processo foi deliberadamente manipulado para favorecer o candidato em questão, cuja identidade não foi oficialmente revelada, mas que, segundo os denunciantes, goza de protecção e apoio nas estruturas locais da OJM.
“Estamos perante uma fraude clara. O candidato era o organizador, o juiz e o beneficiário. Como podemos acreditar num processo onde o concorrente principal controla todas as fases?”, questionou um dos jovens membros presentes no local, que preferiu não ser identificado por receio de retaliações. Ainda segundo ele, “a lista de votantes foi feita à porta fechada, sem consulta pública e sem respeitar os critérios habituais de representação”.
As tensões atingiram o ponto máximo quando um grupo expressivo de jovens abandonou a sala onde decorria a sessão eleitoral, em sinal de protesto. De acordo com relatos, a sala ficou praticamente vazia, restando apenas um terço dos delegados inicialmente previstos. Apesar disso, o processo prosseguiu, com o presidente da sessão a recusar qualquer impugnação ou adiamento, ignorando os apelos por maior transparência.
Falta de intervenção das chefias locais
Para muitos observadores internos, a crise poderia ter sido evitada se o Primeiro Secretário do Comité de Zona tivesse agido com firmeza. “O mínimo que se esperava era que o candidato se afastasse das actividades organizativas logo que a sua candidatura foi aceite oficialmente”, disse um membro sénior da organização, que também optou pelo anonimato. “Essa omissão abre espaço para suspeitas legítimas de favorecimento e abuso de poder.”
Impacto no moral da juventude e risco para a imagem do partido
A crise em Mocone levanta sérias dúvidas sobre o compromisso da OJM com os princípios democráticos e participativos que sempre defenderam publicamente. Jovens de várias células da organização expressaram frustração e desânimo, afirmando sentir-se traídos por uma direcção que, segundo eles, se afasta cada vez mais dos valores da base.
“Se continuarmos com estes jogos de interesses, a juventude perderá a confiança e o partido acabará por ruir de dentro para fora”, alertou um dos interlocutores da nossa reportagem. Para muitos, o episódio de Nacala Porto é sintomático de um problema mais profundo: a instrumentalização das estruturas juvenis para fins pessoais e de grupo, em detrimento do fortalecimento genuíno da participação política jovem.
Silêncio institucional e expectativa por respostas
Até ao momento da publicação desta reportagem, nem a Direcção Distrital da OJM, nem os órgãos superiores do partido se pronunciaram oficialmente sobre o incidente. O silêncio, no entanto, está sendo interpretado como uma tentativa de abafar o caso, o que pode ampliar ainda mais a insatisfação na juventude partidária.
Imagens recolhidas no local mostram uma sala quase vazia durante o momento crucial da votação, confirmando o abandono em massa de jovens indignados com o que chamaram de “farsa eleitoral”. Nas redes sociais, o assunto já começa a ganhar tração, com apelos por uma auditoria interna e reavaliação do processo