“Saudar o Ar” nova descoberta de Forquilha?

 Por estes dias, o presidente do partido Podemos, Albino Forquilha, decidiu brindar-nos com um desfile político em plena cidade da Beira. Subiu à porta de uma viatura, acenou com toda a alma e sorriso de candidato em época de caça ao voto... Só se esqueceu de combinar com o povo.

Naquele momento digno de novela turca, Forquilha parecia mais um noivo abandonado no altar: todo preparado, todo engomado, mas ninguém apareceu para a festa. Nem um “eh Forquilha!”, nem uma vuvuzela. Só o som do motor e o barulho das redes sociais a explodirem em memes.

Senhores, foi uma caravana sem caravana. Uma passeata sem passo. Um comício fantasma.

O homem acenava com tanta energia que, por um instante, pensei que estivesse a chamar o chapa. Mas não era mesmo política em acção! E política à moda do Podemos: aparece, abana a mão e reza para que alguém repare e com um pouco de sorte pare.

Vamos ser sinceros: Forquilha tem coragem. Ou excesso de confiança. Ou um problema de Wi-Fi, porque parece que ainda não recebeu o sinal claro que o povo lhe mandou desde as últimas eleições. Afinal, ele e o seu partido foram acusados de virar as costas a Venâncio Mondlane esse sim, com multidões reais, gente nas ruas e megafones a estourar.

O povo não esquece fácil. E parece que também não perdoa comícios feitos à base de ilusão. “Aceitaram os resultados fraudulentos!”, gritam os internautas, enquanto riem com o vídeo viral de Forquilha a cumprimentar o ar. Se calhar estava a acenar para a democracia. Pena que ela também não apareceu.

Mas atenção: não podemos tirar mérito ao homem. Há talento ali. Poucos conseguem transformar uma tarde comum numa aula prática de “Como não fazer uma passeata”. Forquilha conseguiu. E com distinção.

No fim do dia, o Podemos fica com uma dúvida existencial: será que ainda podemos? Ou será melhor mudar de nome para “Tentamos”?

Porque numa política onde até os fantasmas têm mais audiência, marchar sozinho não é símbolo de coragem. É só teimosia com GPS descomandado.

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