A infâmia estatal e a promoção política de VM7

Sim, chegaram preparados para uma situação para conter aplausos. O “inimigo” era um homem só, Venâncio Mondlane, o VM7, o Presidente Sem Trono, o pai sem cadeira, amado por multidões, ignorado pelo Conselho Constitucional (CC), mas com lugar cativo no coração popular.

A UIR, que devia estar a combater insurgentes em Cabo Delgado, decidiu travar uma guerra contra canções e bandeiras. O povo, sem coletes nem escudos, gritava: “Socorro! Não temos armas, só alegria!”

Alguém mais corajoso ainda perguntava: “Por que não mandam esta tropa para onde morre gente de verdade?”

E ali, entre a multidão cercada, um senhor com túnica de capulana, com o rosto de VM7 no peito e o brilho da resistência nos olhos, tremulava como bandeira viva. Perto dele, um psicólogo de nome Crimildo, analisava a cena como quem estuda uma peça de teatro trágico-cómica: “É preocupante esse contingente todo para intimidar um político amado.”

E não estavam sozinhos. Dinis Tivane, sempre atento e ousado, registava os momentos com olhos de repórter e alma de cidadão.

No Xiquelene, quando o povo clamava: “VM7 é do povo, não da PRM, PGR ou CC!”

A resposta foi gás lacrimogéneo e tiros ao ar. Talvez quisesse espantar o calor do povo, uma febre para a qual o Sistema ainda não encontrou vacina.

Voltando ao Aeroporto de Mavalane, 15h32: as portas automáticas abrem-se como cortinas de teatro.

VM7 desce do carro. Lentamente.

Olha para os lados. Cumprimenta a UIR com aquele leve aceno de cabeça à Vin Diesel, como se estivesse a estrelar o próximo Velozes & Furiosos: Revolução Africana.

É o povo que puxa o guião.

“É papá, é heee!”

“É papá, é heee!”

Uns jovens sussurram, entre risos e revolta: “Pai, na tua ausência, deram-nos tractores como transporte público.”

E lá longe, no conforto pouco confortável do Palácio da Ponta Vermelha, Chapo ou, como o povo já murmura nas ruas, “Sua Excelência Diarreia Política” suava frio. Porque há coisas que o protocolo não protege, e uma delas é a falta de amor popular.

VM7, sempre de peito aberto, disparou outra pérola: “As nossas machambas precisam de tractores.”

Num país onde os tractores andam nas estradas e os bois nos assentos do Parlamento, essas palavras soaram como poesia revolucionária.

Buzinas, peões, motoristas, todos saudavam não um político, mas um símbolo.

A resposta do Sistema? Mais gás. Mais Mahindras. Mais homens fardados e encapuzados. Como se um homem amado fosse mais perigoso do que um exército armado. Mas era isso mesmo: ele era perigoso… para o medo.

VM7 não precisou de cadeira para ser carregado, o povo levou-o nos ombros da história.

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