LAM retoma aquisições próprias após 18 anos com entrada de aeronave Q400
O anúncio foi feito pelo Presidente da República, Daniel Chapo, que sublinhou o carácter simbólico da operação. “Depois da tempestade vem a bonança. Este é um passo para devolver à LAM a robustez e a soberania que merece”, afirmou o Chefe de Estado, lembrando que interesses internos, ligados ao aluguer de aeronaves, terão dificultado durante anos qualquer renovação estrutural da frota.
O último registo de compra efetiva remonta a 2007, durante o mandato de Armando Guebuza, quando a LAM adquiriu aeronaves Embraer para rotas regionais. Antes disso, sob Joaquim Chissano, a companhia recebera os Boeing 767 “Zambeze” e “Chaimite”, que marcaram época na aviação nacional.
Na década seguinte, sob Filipe Nyusi, não houve aquisições. A LAM operou apenas com aeronaves arrendadas, num modelo que acumulou litígios judiciais e dependência de contratos precários.
Segundo fontes da companhia, a nova aeronave deverá reforçar a operação doméstica, sobretudo nas ligações entre Maputo, Beira, Nampula e Pemba. A aposta no Q400, uma aeronave regional de médio porte, visa aumentar a previsibilidade das rotas e reduzir a vulnerabilidade a cancelamentos.
Especialistas do sector lembram, no entanto, que a compra não resolve de imediato os desafios financeiros e de gestão. “É um passo positivo, mas ainda insuficiente para devolver sustentabilidade à companhia. A LAM precisa de uma estratégia clara de expansão e de disciplina operacional”, comentou um antigo gestor ligado ao sector da aviação.
Com esta aquisição, o Executivo procura também demonstrar capacidade de inverter ciclos de paralisia. Nos primeiros sete meses de governação, o Presidente Chapo tem destacado metas de reestruturação de empresas públicas e afirma que a recuperação da LAM “é questão de soberania”.
Para os passageiros habituais, a notícia gera tanto entusiasmo como expectativa. “É bom saber que voltamos a ter aviões nossos, mas o que importa é se os voos deixam de atrasar”, disse ao O País um passageiro entrevistado no Aeroporto Internacional de Maputo.
Apesar de persistirem incertezas quanto ao futuro da companhia, o acto é visto como um primeiro passo concreto para devolver confiança ao mercado e aos utentes. O desafio será transformar este gesto simbólico em estratégia de longo prazo, capaz de devolver estabilidade à transportadora nacional
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