Manica: Conflito entre a polícia e a caravana de Venâncio Mondlane intensifica-se


 Nos momentos finais da campanha eleitoral em Manica, a tensão entre a Polícia da República de Moçambique (PRM) e a comitiva do candidato Venâncio Mondlane escalou, resultando na abertura de um processo-crime por incitação à violência e campanha fora de horas.

No entanto, especialistas jurídicos questionam a legalidade da acusação.

Na quinta-feira (03), a PRM confirmou a existência de um processo-crime contra Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que tem realizado acções de campanha na província de Manica desde o dia anterior.

Segundo a polícia, Mondlane está a ser acusado de incitação à violência após um incidente que envolveu um atropelamento de apoiantes da sua caravana.

O conflito começou quando um cidadão que conduzia pela zona da caravana de Mondlane, que mobilizava inúmeras pessoas, atropelou vários simpatizantes do candidato. Revoltados com o acidente, os apoiantes do PODEMOS atacaram o condutor, agredindo-o fisicamente. A polícia interveio a tempo de salvar a vida do homem, mas a sua viatura foi completamente destruída pelos manifestantes.

Segundo Mouzinho Manasse, chefe das Relações Públicas do comando provincial da PRM em Manica, Venâncio Mondlane é responsabilizado pelo incidente. “Há um processo em curso contra o candidato do partido PODEMOS. Ele é indiciado pelo crime de incitação à violência, uma vez que, após o acidente com uma viatura ligeira, os seus apoiantes retiraram o motorista do veículo, agrediram-no e vandalizaram a viatura”, afirmou.

Mondlane, por sua vez, desafiou a imparcialidade da polícia, questionando as motivações por trás do processo. “Agora dizem que me processaram por fazer campanha fora do horário permitido. Mas todos viram carros da polícia a circular com bandeiras de outro partido a fazer campanha. Porque não processam esses candidatos?”, indagou o candidato durante uma declaração à imprensa.

O jurista André Júnior, em entrevista à DW, manifestou dúvidas quanto à base legal da acusação contra Mondlane. Segundo ele, uma investigação rigorosa é necessária para determinar se o candidato efectivamente incitou ou incentivou os seus apoiantes a cometer actos de violência. “É preciso investigar se foi de facto o candidato que incitou a violência ou se esta ocorreu de forma espontânea”, sublinhou o jurista.

A campanha eleitoral em Moçambique tem sido marcada por episódios de tensão entre diferentes partidos, e este incidente em Manica vem aumentar ainda mais a tensão política, numa altura em que as eleições se aproximam.

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